sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Duas potências #3: Caos x Ordem...
Essa postagem, como as mais recentes, tem um cunho muito especial que é, além de abordar uma questão delicada e complexa, homenagear aquela que me trouxe ao tema: Asphyxia. Não é a primeira vez que a homenageio aqui no DT, o que torna essa postagem ainda mais especial...pois é dedicada a alguém definitivamente marcante na história do Diário.
A série de postagens "Duas Potências" traz sempre um embate entre duas forças comumente tidas por opostas. Dessa vez, não será diferente. Muitas pessoas hoje em dia utilizam banalmente expressões como "minha vida está um caos" ou "o lugar estava um caos", sem parar para refletir que o conceito original de caos é um bocado forte para designar situações que podem bem ser classificadas como desordem, ou bagunça.
O Caos não deixa de ser um tipo de desordem, mas é a desordem em seu grau máximo, extremo!
É a absoluta ausência de lógica e razão, quando não se sabe o que esperar do próximo movimento, quando não se pode prever o que está por vir, quando não se pode estabelecer qualquer tipo de padrão.
A Ordem, por sua vez, é a mais absoluta previsibilidade, o mais tenro controle, a mais inevitável lógica. É quando tudo está onde deve estar e porque deve estar, sem que qualquer coisa ou força fuja à intenção original.
Como na lendária postagem Paralelos..., uma vida regada apenas pelo extremo do Caos perde o sentido. Tudo acontece ao mesmo tempo e simplesmente não se consegue ter paz, raciocinar com calma, saber o que fazer primeiro e como resolver os problemas e atender às demandas e cobranças que nos trazem a todo momento. Estudo, família, emprego, lazer, metas pessoais...tudo tende a ruir se permeado de Caos em tempo integral. Somos levados à tão estigmatizada "loucura".
Por outro lado, Ordem excessiva torna a vida chata, monótona, previsível e (igualmente) sem sentido. Tendo tudo sob controle e nada com que se preocupar, não há razão para seguir em frente, pois nada será um desafio que nos propulsionará rumo à evolução pessoal. É como jogar sozinho e não ter como perder.
O ideal, sugerido recentemente na postagem Equilíbrio..., é que se tenha pitadas de arrumação e bagunça em sua vida. Organização excessiva é doentia e pode causar grandes conflitos num momento ou situação em que você seja exposto a desorganização e não for capaz ou tiver permissão para arrumar.
Desorganização excessiva é doentia e pode trazer uma série de problemas, como não encontrar documentos quando necessário, perder a hora para compromissos importantes, deixar de cumprir tarefas prioritárias por usar seu tempo com trivialidades, por exemplo.
Sem uma pitada de desordem, a vida perde a graça, mas sem o mínimo de organização, ela perde o rumo ;)
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Cara Nova #6 - Sonho
Fim de ano, entrando em Dezembro com pé direito, pensando em todas as conquistas ao longo do ano e nas que ainda estão por vir nesse promissor 2012. Estou muito contente por ter voltado a falar com alguém especial...alguém que descobri especial desde a primeira troca de palavras. Estava com saudades, mas nossa reaproximação não dependia de mim.
Obrigado por voltar...é um pedaço da minha história que volta a estar completo! ♥
Trago a temática "Sonho"...para que nunca deixemos morrer os nossos... ;)
Obrigado por voltar...é um pedaço da minha história que volta a estar completo! ♥
Trago a temática "Sonho"...para que nunca deixemos morrer os nossos... ;)
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Vício...
E aí, galera!
Essa postagem terá uma homenageada muito especial, que me mostrou um vídeo interessante e me inspirou a escrever aqui. Sempre temos conversas muito interessantes e compartilhamos de certas premissas como ninguém. Resumindo, alguém digno de se estar aqui. Freyja, essa é pra você! ♥
Bem...segue, em primeiro lugar, o link do vídeo que ela me mandou, para que vocês possam entender o contexto que me levou à presente reflexão:
"Todo vício começa com C" (retirado desse blog).
Muito bem...vamos à minha parte do trabalho agora...
Desde que comecei a faculdade de psicologia, tenho visto e aprendido muita coisa sobre a natureza humana, principalmente no que diz respeito ao funcionamento de seu raciocínio, sua reflexão, seu julgamento e seus comportamentos (que era minha principal intenção ao iniciar o curso, muito antes de pensar nela como profissão...).
O preconceito com pessoas reféns de adições ainda é muito grande, por mais campanhas que haja, por mais conscientização que se busque fazer, por mais que se lute pela causa. Inúmeros artistas dependentes químicos, emocionais, obssessivos-compulsivos e em condições semelhantes, que passam ou passaram por essa condição de sujeitos ao vício, hoje tem fundações e projetos de recuperação de dependentes em geral, mas isso não é divulgado com tanta frequência quanto violência, politicagem e anti-cultura (que será outra postagem lançada em breve).
Um indivíduo dependente de álcool, por exemplo, é chamado de alcoólatra (que é um termo pejorativo atualmente, tendo sido substituido por alcoolista), de vagabundo, de sem vergonha, de bêbado entre outros "apelidos carinhosos", mas nunca é visto pelo lado de refém de uma condição fisiológica que se estabeleceu.
Quando ele começou a ingerir álcool, seja por farra, por status, por curiosidade ou qualquer outra razão, seu corpo sofreu um bocado até se acostumar com aquela substância algoz que lhe adentrava e consumia seu organismo lentamente. Nas primeiras experiências, o sujeito passava muito mal, regurgitando boa parte do pouco que havia consumido, por intolerância química de seu organismo àquele "corpo estranho". Mas, como um ser adaptável que é, seu organismo passou a absorver partes dessa substância após algumas tentativas e "entendeu" que é uma substância não mais estranha, mas provavelmente necessária ao organismo, devido à recorrência de sua ingestão.
LEMBRANDO QUE não estou falando de um ser consciente quando falo do organismo do indivíduo, mas de um organismo em processo de adaptação fisiológica representado por uma simulação de cognição a título ilustrativo.
Dessa forma, o organismo passa a sentir falta da nova substância em sua ausência, manifestando isso toda vez que o indivíduo se depara com uma situação conveniente, como diante da presença da substância, ou em uma situação de estresse - considerando que o consumo da substância produz efeitos em seu organismo que lhe trazem as sensações de prazer e satisfação, como o preenchimento de um vazio.
Quando se chega nesse estado, livrar-se da substância passa a ficar cada vez mais difícil...e cada vez mais...e mais...até chegar num ponto em que o indivíduo não consegue mais viver sem seu objeto de preenchimento - lembrando que usei o exemplo do álcool, mas o mesmo serve para jogos de azar (como cassino e carteado), cigarro, remédios, drogas ilegais, tais como a cocaína, a maconha, o crack, o oxi, o (agora) recente "krokodil", sexo, internet, jogos virtuais, dentre inúmeros outros aditivos - e faz de tudo para obter mais um pouco daquele prazer momentâneo que, muitas vezes, passa a ser seu esconderijo do mundo real, onde a dor, o sofrimento, a pressão, a desilução, a mentira, a cobrança e a obediência imperam.
Muitos realmente passam a acreditar que o consumo do aditivo é uma opção absolutamente válida para se desestressar, fugir dos males supracitados, compensar suas fraquezas e erros. Mero devaneio...
No fundo, a maioria sabe que a adição em questão está levando-os "para o buraco", ao fracasso, à ruina, em vez de salvá-los, ao passo que lhes torna pessoas de difícil convivência e tirando deles tudo que é de fato mais importante, como amigos, famiília, cônjuges, emprego, prazeres mais duradouros...liberdade.
Engana-se demasiadamente quem pensa que um viciado não sofre mesmo durante o consumo de seu objeto de adição. Antes, durante e depois do consumo, logo após pensar em quando consumirá de novo, a grande maioria dos aditos pensa em como já não tem forças para combater esse algoz que os arrasta irrefreavelmente para a ruína a cada "dose".
Nossa obrigação cívica e humana, enquanto sóbrios e sadios, é não somente fazer o máximo para recuperar aqueles que ainda estão dispostos a se salvar, se libertar, como prevenir contundentemente a adição de mais indivíduos, não só através de conscientização em escolas e palestras, mas conversando com nossos filhos, amigos, nos inteirando do assunto, promovendo campanhas de recuperação e batalhando para que seja mantida a saúde, não somente física, mas principalmente psicológica daqueles ao nosso redor.
Qualquer esforço é válido...e muito bem vindo ;)
PS.: Seguem os links de uma iniciativa dos irmãos Kancler/Star, que criaram um projeto de recuperação de jovens viciados através da música, assim como o baixista Nikki Sixx. São iniciativas esplêndidas e muito dignas de serem divulgadas e apoiadas. Os sites estão em inglês, mas vale muito a pena quem puder buscar alguma forma de tradução, caso não domine a língua inglesa.
Música, assim como vício, não é coisa de vagabundo!
Sem arte, o ser humano certamente não teria sobrevivido até hoje. E quando a música se torna um vício...é bem menos pior ;P
http://www.rockstarsuperstarproject.com/
http://rockstarsuperstarproject.com/forums/showthread.php?tid=28
http://covenanthousecalifornia.org/running-wild-in-the-night.html
Essa postagem terá uma homenageada muito especial, que me mostrou um vídeo interessante e me inspirou a escrever aqui. Sempre temos conversas muito interessantes e compartilhamos de certas premissas como ninguém. Resumindo, alguém digno de se estar aqui. Freyja, essa é pra você! ♥
Bem...segue, em primeiro lugar, o link do vídeo que ela me mandou, para que vocês possam entender o contexto que me levou à presente reflexão:
"Todo vício começa com C" (retirado desse blog).
Muito bem...vamos à minha parte do trabalho agora...
Desde que comecei a faculdade de psicologia, tenho visto e aprendido muita coisa sobre a natureza humana, principalmente no que diz respeito ao funcionamento de seu raciocínio, sua reflexão, seu julgamento e seus comportamentos (que era minha principal intenção ao iniciar o curso, muito antes de pensar nela como profissão...).
O preconceito com pessoas reféns de adições ainda é muito grande, por mais campanhas que haja, por mais conscientização que se busque fazer, por mais que se lute pela causa. Inúmeros artistas dependentes químicos, emocionais, obssessivos-compulsivos e em condições semelhantes, que passam ou passaram por essa condição de sujeitos ao vício, hoje tem fundações e projetos de recuperação de dependentes em geral, mas isso não é divulgado com tanta frequência quanto violência, politicagem e anti-cultura (que será outra postagem lançada em breve).
Um indivíduo dependente de álcool, por exemplo, é chamado de alcoólatra (que é um termo pejorativo atualmente, tendo sido substituido por alcoolista), de vagabundo, de sem vergonha, de bêbado entre outros "apelidos carinhosos", mas nunca é visto pelo lado de refém de uma condição fisiológica que se estabeleceu.
Quando ele começou a ingerir álcool, seja por farra, por status, por curiosidade ou qualquer outra razão, seu corpo sofreu um bocado até se acostumar com aquela substância algoz que lhe adentrava e consumia seu organismo lentamente. Nas primeiras experiências, o sujeito passava muito mal, regurgitando boa parte do pouco que havia consumido, por intolerância química de seu organismo àquele "corpo estranho". Mas, como um ser adaptável que é, seu organismo passou a absorver partes dessa substância após algumas tentativas e "entendeu" que é uma substância não mais estranha, mas provavelmente necessária ao organismo, devido à recorrência de sua ingestão.
LEMBRANDO QUE não estou falando de um ser consciente quando falo do organismo do indivíduo, mas de um organismo em processo de adaptação fisiológica representado por uma simulação de cognição a título ilustrativo.
Dessa forma, o organismo passa a sentir falta da nova substância em sua ausência, manifestando isso toda vez que o indivíduo se depara com uma situação conveniente, como diante da presença da substância, ou em uma situação de estresse - considerando que o consumo da substância produz efeitos em seu organismo que lhe trazem as sensações de prazer e satisfação, como o preenchimento de um vazio.
Quando se chega nesse estado, livrar-se da substância passa a ficar cada vez mais difícil...e cada vez mais...e mais...até chegar num ponto em que o indivíduo não consegue mais viver sem seu objeto de preenchimento - lembrando que usei o exemplo do álcool, mas o mesmo serve para jogos de azar (como cassino e carteado), cigarro, remédios, drogas ilegais, tais como a cocaína, a maconha, o crack, o oxi, o (agora) recente "krokodil", sexo, internet, jogos virtuais, dentre inúmeros outros aditivos - e faz de tudo para obter mais um pouco daquele prazer momentâneo que, muitas vezes, passa a ser seu esconderijo do mundo real, onde a dor, o sofrimento, a pressão, a desilução, a mentira, a cobrança e a obediência imperam.
Muitos realmente passam a acreditar que o consumo do aditivo é uma opção absolutamente válida para se desestressar, fugir dos males supracitados, compensar suas fraquezas e erros. Mero devaneio...
No fundo, a maioria sabe que a adição em questão está levando-os "para o buraco", ao fracasso, à ruina, em vez de salvá-los, ao passo que lhes torna pessoas de difícil convivência e tirando deles tudo que é de fato mais importante, como amigos, famiília, cônjuges, emprego, prazeres mais duradouros...liberdade.
Engana-se demasiadamente quem pensa que um viciado não sofre mesmo durante o consumo de seu objeto de adição. Antes, durante e depois do consumo, logo após pensar em quando consumirá de novo, a grande maioria dos aditos pensa em como já não tem forças para combater esse algoz que os arrasta irrefreavelmente para a ruína a cada "dose".
Nossa obrigação cívica e humana, enquanto sóbrios e sadios, é não somente fazer o máximo para recuperar aqueles que ainda estão dispostos a se salvar, se libertar, como prevenir contundentemente a adição de mais indivíduos, não só através de conscientização em escolas e palestras, mas conversando com nossos filhos, amigos, nos inteirando do assunto, promovendo campanhas de recuperação e batalhando para que seja mantida a saúde, não somente física, mas principalmente psicológica daqueles ao nosso redor.
Qualquer esforço é válido...e muito bem vindo ;)
PS.: Seguem os links de uma iniciativa dos irmãos Kancler/Star, que criaram um projeto de recuperação de jovens viciados através da música, assim como o baixista Nikki Sixx. São iniciativas esplêndidas e muito dignas de serem divulgadas e apoiadas. Os sites estão em inglês, mas vale muito a pena quem puder buscar alguma forma de tradução, caso não domine a língua inglesa.
Música, assim como vício, não é coisa de vagabundo!
Sem arte, o ser humano certamente não teria sobrevivido até hoje. E quando a música se torna um vício...é bem menos pior ;P
http://www.rockstarsuperstarproject.com/
http://rockstarsuperstarproject.com/forums/showthread.php?tid=28
http://covenanthousecalifornia.org/running-wild-in-the-night.html
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Equilíbrio...
Saudações pessoal...
...retorno com outra homenagem, dessa vez a uma pessoa que provavelmente nunca vai ter idéia da grandiosidade do que faz por mim...mas eu tenho...e muito do que sou e serei, é graças a ela...
Ketty, essa é pra vc...♥
Já dizia um sábio grego, conhecido por Aristóteles, que virtuoso é aquele que segue o "caminho do meio"...o equilíbrio. Imagino que todos sabemos que é um caminho impossível de se trilhar o tempo todo, considerando que somos seres naturalmente instáveis em todos os sentidos - emocional, psicológico, comportamental etc.
Minha mãe e outros sábios sempre me disseram que qualquer extremo é prejudicial...mas eu pensava: "Mesmo o extremo da bondade? da justiça? do amor???".
Pois bem...temo que terei que concordar com eles, pois andei experimentando e observando situações que me levaram a entender como um extremo, por melhor que possa parecer ser, nunca poderá ser pleno.
Aquele que pratica o extremo da bondade será subjugado pelos que vivem a maldade, plena ou parcial, e nunca será capaz de se defender ou retribuir, pois estaria fazendo mal a alguém e isso iria contra seus princípios, sendo dessa forma vítima inevitável.
Aquele que pratica o extremo da justiça pode perder pessoas queridas que cometerem falhas, pois na condição humana da qual gozamos, não somos impassíveis de errar, por mais que nos esforcemos.
...poderia isso, inclusive, caracterizar um erro? ...a busca da perfeição? Acho que já tenho uma nova postagem em vista...logo mais...
Aquele que pratica o extremo do amor, perde a razão...torna-se refém do ciúme, da possessividade, da carência...perde o juizo e comete transgressões que vão de birras a assassinatos, em nome daquilo que acreditam e que lhes consome a alma...o sentimento mais perigoso, ao meu ver. Inclusive mais que o ódio, acredito, pois o ódio é nítido, transparente...o amor ilude, se disfarça, ludibria enevoadamente...envolve, cega e domina...quando fora de controle, obviamente!
Portanto, subestimar a sabedoria dos antigos e supervalorizar nosso conhecimento irrompente contemporâneo advindo do progresso tecnológico constante é um dos maiores, se não o maior, ato de estupidez que um ser humano poderia cometer.
Mal sabiam os integrantes da Escola de Frankfurt, teóricos da filosofia que acreditavam que numa era tecnológica teríamos salas de aula repletas de gênios, que a época deles foi o auge da sabedoria humana...e que estamos caminhando para outro extremo hoje em dia: o do Eu.
Admiro e valorizo demais pessoas como a Ketty, a quem dedico essa postagem, pois foi uma pessoa que nunca vi tendendo a um extremo, qualquer que fosse...acredito inclusive que foi a pessoa mais equilibrada com quem já conversei...
Nunca a vi eufórica, deprimida (no sentido popular, não patológico), furiosa, entregue a qualquer emoção de modo a ser dominada...sempre "senhora de si", sempre no controle de suas emoções, sejam elas quais forem.
Se mais de nós fossemos como elas, ainda estaríamos nos preocupando com a possibilidade remota de uma guerra mundial...não com a terceira...
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Duas potências #2: Arte x Ciência
E aí pessoal...essa postagem vem em homenagem a duas amadas minhas que, por alguma razão, me inspiraram a escrever esse artigo. Uma é a razão de eu ter entrado nesse assunto - minha mãe - e a outra foi quem sugeriu que eu postasse essa reflexão aqui - Lïzzie Maverïck ♥ (foto)
Agradeço a essa díade que foi tão crucial para que eu trouxesse ao DT a postagem que segue.
Para quem já leu o artigo Duas Potências #1, esse aqui é uma continuação do embate, porém, voltado agora para o lado artístico da vida.
Ao contrário do que muitos dizem, arte não é só "algo que vem de dentro", puramente emocional.
Estava eu a estudar uns textos de Aristóteles com minha mãe e li algo muito interessnte que ele disse sobre a arte e a ciência: ambas só podem existir a partir de experimentação, e não mera experimentação ao acaso, mas experimentação consciente, tipicamente humana.
Essa seria a razão pela qual outras espécies, animais, vegetais e outras quaisquer que possam haver, não produzem arte. Porque a arte não é inata, mas sim uma construção intencional e baseada em produção e apreciação (ou depreciação, que levará à busca por aprefeiçoamento). Mera experimentação, sem propósito, nenhum resultado é capaz de gerar.
Toda forma de arte - seja ela música, fotografia, teatro, pintura, escultura, arquitetura ou qualquer entre tantas outras -, exceto em estilos como o abstrato, o surreal e o chamado "experimental" (assim denominado por caracterizar uma experiência, sem resultado esperado se não a inovação e a ousadia), segue determinados padrões que a configuram como agradável e aceitável.
Na pintura, temos a lei de contraste (muito usada na pop art) e outras regras de combinações de cores que, mesmo não sendo explícitas na maioria das vezes, são refletidas nas próprias obras. Quando você olha para um quadro que retrata um campo de folhas azul royal, flores laranjas e céu verde limão, provavelmente vai considerá-lo estranho a princípio...a não ser que já esteja acostumado e tenha aprendido a apreciar esse tipo de obra.
Na escultura, por exemplo, imagens de figuras ou seres assimétricos nos parecem "feios" num primeiro instante, pois está implícito no ser humano que a simetria reflita a verdadeira beleza. Pode-se constatar isso em diversos vasos chinêses, gregos e até na arquitetura de catedrais - como a de Notre Dame, na França - e de templos - como o Partenon, na Grécia (antes de ruir) - ou outros tipos de monumentos - como a Esfinge, no Egito.
Na música temos as escalas e os modos musicais, que orientam o músico quanto a que notas ele pode usar com base na harmonia proposta. Se um guitarrista faz um solo e toca notas fora da escala, nos soa incômodo e desagradável; ou quando se toca um acorde que não faça parte de alguma progressão harmônica esperada, também nos soa desconfortável. Letras de música totalmente desconexas ou sem rimas costumam agradar a um público muito pequeno.
Lembrando que aqui, para efeito de exemplificação, excluí até agora a liberdade de expressão artística presente no surreal, no abstrato e no experimental. Chegarei neles em seguida.
Quando se foge a esses padrões que expus, dentre tantos outros, não conseguimos apreciar com facilidade a obra. Pelo menos, não a princípio. Há pessoas que desenvolveram seu gosto por esse tipo de fuga dos padrões e até passaram a reproduzir essas novas modalidades. O surreal, o abstrato e o experimental são estilos desafiadores, criados mais com intenção de chocar, de chamar a atenção, de intrigar, do que de, propriamente, serem apreciados. Nos dias atuais, já agregam uma quantidade considerável de admiradores e aristas reprodutores...mas ainda há uma maioria demasiado apegada à "velha escola" da arte.
A questão é que, seguindo os padrões ou buscando fugir deles, não se consegue fugir à racionalidade para compor, criar e produzir.
Não que o fator inspiracional inexista! De forma alguma...até para escrever aqui eu preciso estar inspirado o suficiente (o que explica meus sumiços æonianos, na maioria das vezes). Sem inspiração, só utilizando sua racionalidade, o artista se torna frio, superficial e apático. É necessária a fantasia e os devaneios do artista para que sua obra não se torne mero acontecimento despropositado.
Logo, são necessários tanto o fator inspiração quanto o fator reflexão para que seja "trazida à vida" uma obra de arte, e é do equilíbrio dessas duas potências - por vezes, conflitantes - que surge a maioria das obras consideradas, por grande parte do público mundial, perfeitas.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Giz...

Saudações, leitor...
Após longo período de latência, retorno às teclas quem me ajudam a transmitir os (muitas vezes absurdos) devaneios que me acometem e me levam à reflexão sobre coisas que nos passam batidas a maior parte do tempo.
Eu ia chamar essa postagem de "...Of Chalk And Men" (ou Sobre os Gizes)...mas resolvi que só "Giz..." sintetizaria o conceito...
Bem, lá vamos nós...
"O que tem em comum um ser humano e um giz?", te pergunto. E, independente do que você vai responder, eu te direi: "Muita coisa...mais do que você imagina!".
Tudo começou quando eu saia para o intervalo de uma aula de quinta-feira na faculdade e, por alguma razão, peguei um giz. Enquanto andava a admirá-lo, comecei a me perguntar "O que será que há por trás de um giz? Afinal...ele não pode ser SÓ um giz...".
"Como assim, 'só um giz'?" você me pergunta.
Bem...o que se entende por giz quando se fala de um...?
Que é um pedaço, branco ou colorido, de um composto químico aglomerado num bastonete poroso que se desgasta em forma de pó quando atritado contra uma superfície sólida e deixa um rastro de sua cor por onde for pressionado, utilizado em geral para fazer marcações ou para escrever/desenhar em lousas...resumidamente.
Tá...............e aí? É só isso?
Por que seria? E por que não?
Comecei a divagar sobre o Homem utilizando a mesma linha de raciocínio do giz...forma, cor, textura, composição e funções possíveis. Comecei com o giz branco, apenas...
Cheguei às seguintes conclusões, a princípio (estou usando o giz nas descrições como um sujeito independente a fim de torná-lo mais próximo da realidade humana para efeito de comparação...afinal, todos sabemos que nenhum giz toma atitude alguma por si próprio, apenas pode ser operado - geralmente, por nós...seres humanos):
*** O giz se desgasta conforme opera alguma função ou entra em atrito com algo. O Homem também;
*** O giz se desgasta em determinados pontos conforme um ou outro de seus lados são usados em alguma tarefa, deixando-o mais "afiado" então de um lado ou outro conforme é explorado em seus múltiplos lados. O Homem também...quanto mais explora uma potencialidade ou habilidade, mais "afiado" (como dito em gíria para experiente ou hábil) fica naquele seu lado. Alguém que se aplica à área de cálculos nunca desenhará ou cozinhará tão bem quanto calcula, a não ser que os pratique também. O tanto que ele praticar será o quão mais experiente ele passará a ser. Logo...quanto mais lados se explora, tanto do ser humano quanto de um giz, mais afiado eles ficam em todas as direções;
*** Quando um giz se quebra em algum ponto, ele mostra que, por mais polido que ele seja por fora, ele ainda é rude, irregular e áspero por dentro...não está sob seu controle, é de sua natureza. O Homem, igualmente, é polido e moldado para conviver socialmente de maneira mais saudável e proveitosa de uma forma geral...mas, ao passar por uma crise, um surto ou situação semelhante, ele revela um lado impulsivo/instintivo seu que, muitas vezes, até ele desconhece. Um lado agressivo, quase animalesco, beirando à irracionalidade...rude, áspero e irregular...escondido dentro de si;
*** Independente se usado para bem ou mal, o giz se desgasta ao executar uma tarefa e isso pode ou não valer a pena, dependendo de como é aproveitado seu resultado. O Homem, idem.
Até aqui, já tivemos algumas considerações interessantes, não?
Agora deixe-me abrir o leque quando introduzi outras cores de gizes à reflexão, dessa vez no caminho de volta para casa após o término da aula:
*** Gizes podem ter diferentes cores, mas ainda podem executar as mesmas tarefas. O Homem também;
*** Quando gizes de diferentes cores interagem, sendo usados juntos para desempenhar uma mesma função, apesar de o resultado ser basicamente o mesmo, suas condições subjetivas, representadas através dos rastros coloridos que deixam, revelam diferentes formas de interpretação de cada...visto que cada cor dará uma intenção ao resultado da tarefa. Não se entenda isso como a cor do giz, mas a de seu traço! O Homem, enquanto indivíduo, padece da mesma inevitável condição;
*** Quando dois gizes de diferentes cores são atritados um contra o outro - entendendo-se isso como uma interação social, e não simplesmente como um atrito no sentido de conflito -, deixam um no outro marcas de suas cores, como reflexo de um compartilhamento de suas subjetividades. Cada um passa a ter um pouco do outro em si, compondo um novo ser "multicor". O Homem, ao interagir socialmente, sofre a mesma condição;
*** A quantidade de cor compartilhada remanecente em um giz pode ser diferente da quantidade deixada no outro. Igualmente, uma pessoa pode receber mais influências ou se simpatizar mais com a outra do que o contrário. Novamente, a subjetividade torna-se uma variável indeterminada;
*** Quando um giz "contaminado" (não no sentido pejorativo) por outra cor desempenha uma nova tarefa, ele pode deixar escapar parte da nova cor adquirida, como resultado da influência daquela interação social em seu novo eu. Quando uma pessoa aprende ou adquire um hábito de outra, passa a refletir aquilo como sendo uma nova parte de si, não existente originalmente, mas fruto do contato entre elas.
E aí...o que me diz? Temos ou não muito que aprender com os gizes, mais do que só com os rastros que deixam? ;)
Até breve!
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Cara Nova #5 - Lousa

Hey galera...sei que sumi, mas sempre volto ;P
Hoje venho propor um novo cenário para o DT, baseado numa reflexão que fiz recentemente e que apresento na postagem seguinte ;)
Como já dizia o pessoal da banda Luxúria: "Já fiz até um testamento que não tem nada, nada, nada escrito / Já que a minha maior herança é a que eu vou levar comigo".
Ou seja...o conhecimento ;D
Enjoy it!
Hoje venho propor um novo cenário para o DT, baseado numa reflexão que fiz recentemente e que apresento na postagem seguinte ;)
Como já dizia o pessoal da banda Luxúria: "Já fiz até um testamento que não tem nada, nada, nada escrito / Já que a minha maior herança é a que eu vou levar comigo".
Ou seja...o conhecimento ;D
Enjoy it!
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