Musik

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Duas potências #2: Arte x Ciência


E aí pessoal...essa postagem vem em homenagem a duas amadas minhas que, por alguma razão, me inspiraram a escrever esse artigo. Uma é a razão de eu ter entrado nesse assunto - minha mãe - e a outra foi quem sugeriu que eu postasse essa reflexão aqui - Lïzzie Maverïck ♥ (foto)
Agradeço a essa díade que foi tão crucial para que eu trouxesse ao DT a postagem que segue.

Para quem já leu o artigo Duas Potências #1, esse aqui é uma continuação do  embate, porém, voltado agora para o lado artístico da vida.

Ao contrário do que muitos dizem, arte não é só "algo que vem de dentro", puramente emocional.
Estava eu a estudar uns textos de Aristóteles com minha mãe e li algo muito interessnte que ele disse sobre a arte e a ciência: ambas só podem existir a partir de experimentação, e não mera experimentação ao acaso, mas experimentação consciente, tipicamente humana.
Essa seria a razão pela qual outras espécies, animais, vegetais e outras quaisquer que possam haver, não produzem arte. Porque a arte não é inata, mas sim uma construção intencional e baseada em produção e apreciação (ou depreciação, que levará à busca por aprefeiçoamento). Mera experimentação, sem propósito, nenhum resultado é capaz de gerar.

Toda forma de arte - seja ela música, fotografia, teatro, pintura, escultura, arquitetura ou qualquer entre tantas outras -, exceto em estilos como o abstrato, o surreal e o chamado "experimental" (assim denominado por caracterizar uma experiência, sem resultado esperado se não a inovação e a ousadia), segue determinados padrões que a configuram como agradável e aceitável.
Na pintura, temos a lei de contraste (muito usada na pop art) e outras regras de combinações de cores que, mesmo não sendo explícitas na maioria das vezes, são refletidas nas próprias obras. Quando você olha para um quadro que retrata um campo de folhas azul royal, flores laranjas e céu verde limão, provavelmente vai considerá-lo estranho a princípio...a não ser que já esteja acostumado e tenha aprendido a apreciar esse tipo de obra.
Na escultura, por exemplo, imagens de figuras ou seres assimétricos nos parecem "feios" num primeiro instante, pois está implícito no ser humano que a simetria reflita a verdadeira beleza. Pode-se constatar isso em diversos vasos chinêses, gregos e até na arquitetura de catedrais - como a de Notre Dame, na França - e de templos - como o Partenon, na Grécia (antes de ruir) - ou outros tipos de monumentos - como a Esfinge, no Egito.
Na música temos as escalas e os modos musicais, que orientam o músico quanto a que notas ele pode usar com base na harmonia proposta. Se um guitarrista faz um solo e toca notas fora da escala, nos soa incômodo e desagradável; ou quando se toca um acorde que não faça parte de alguma progressão harmônica esperada, também nos soa desconfortável. Letras de música totalmente desconexas ou sem rimas costumam agradar a um público muito pequeno.

Lembrando que aqui, para efeito de exemplificação, excluí até agora a liberdade de expressão artística presente no surreal, no abstrato e no experimental. Chegarei neles em seguida. 

Quando se foge a esses padrões que expus, dentre tantos outros, não conseguimos apreciar com facilidade a obra. Pelo menos, não a princípio. Há pessoas que desenvolveram seu gosto por esse tipo de fuga dos padrões e até passaram a reproduzir essas novas modalidades. O surreal, o abstrato e o experimental são estilos desafiadores, criados mais com intenção de chocar, de chamar a atenção, de intrigar, do que de, propriamente, serem apreciados. Nos dias atuais, já agregam uma quantidade considerável de admiradores e aristas reprodutores...mas ainda há uma maioria demasiado apegada à "velha escola" da arte.

A questão é que, seguindo os padrões ou buscando fugir deles, não se consegue fugir à racionalidade para compor, criar e produzir.
Não que o fator inspiracional inexista! De forma alguma...até para escrever aqui eu preciso estar inspirado o suficiente (o que explica meus sumiços æonianos, na maioria das vezes). Sem inspiração, só utilizando sua racionalidade, o artista se torna frio, superficial e apático. É necessária a fantasia e os devaneios do artista para que sua obra não se torne mero acontecimento despropositado.

Logo, são necessários tanto o fator inspiração quanto o fator reflexão para que seja "trazida à vida" uma obra de arte, e é do equilíbrio dessas duas potências - por vezes, conflitantes - que surge a maioria das obras consideradas, por grande parte do público mundial, perfeitas.